sexta-feira, dezembro 09, 2011

Anepotismo

Inventei uma palavra, mas isso deu pra perceber. Usa o teu silogismo. Acho que tu é boa nisso. Tão boa quanto o ato do "anepotismo", desculpa o neologismo (e as rimas).

No literal, sempre contextualizei nosso nepotismo, nossos risos, nosso status de "sempre estar", "nunca deixar" e de gastar todos os meus créditos pra te ligar, porque você merecia. Merecia meu favorecimento, merecia pelo vínculo de além-família que criei contigo. A gente sempre pode contar. Você sempre pode contar que eu estaria aqui pra tentar sanar qualquer dor sua - e você sabe que eu estive lá no auge daquela dor louca que te pensar loucuras. 

Quando foi que esse quadro mudou? Quando foi que esse lance família-família virou família-que-compete-com-família, família-que-denigre-família? Odeio participar de competições as quais eu nem sabia que tinha me inscrito. Acho que é o que eu ganho quando confio demais em quem nunca me provou que era de confiança. Família não é prova de nada. 

Num sentido literal, meu anepotismo pode significar falsidade. Que é pior ainda quando isso vem do seu sangue. Quando você compartilha tanta coisa com quem não merece. 

Depois ainda reclamam quando eu condiciono meus amores à pisar-em-ovos. Alguns deles sempre quebram. Não foi isso que aconteceu? Pois agora considere-me anepotista de você. 


terça-feira, novembro 22, 2011

Ser adulta

"Para bem entender, meia palavra não é de bosta nenhuma"
(Paulo Leminski)

Ir, ficar, rodar, parar. Minha mente vagava entre indas e vindas de onde nada fazia tanto sentido. Essa irrealidade que me fazia estagnar. 

"É... então... não sei" - Porque eu não sabia mesmo. E modéstia à parte, sou uma mulher de muitas palavras. Muitas letras. Até demais. Gosto do jeito que elas não me fogem nunca, como são excessivas, ostensivas, como são minhas, só minhas. E naquele momento eu estava sem palavras. 

Este, em específico, é para você. Os outros não eram, e sinto se você pensou isso. Esse é para você, que vai reconhecer nas minhas letras uma história contada. E minhas desculpas austeras para quem não consegue entender meia palavra do que eu digo. Ainda estou tentando entender a cronologia disso tudo. 

Antes de tudo: sou agridoce. Sem explicações necessárias, mas o difícil é conhecer a parte doce. Não são todos que tem o paladar apurado e não é sempre que você consegue alcançar. Às vezes me mantenho azeda, outras amarga. Mas em minhas regras sou inflexível: uma vez perdida a parte doce, nunca mais retomada. Então lida com o amargo. Ou então deixa pra lá. 

Passei o ano superestimando essa tristeza sem fim. Foi um ano bom. Descobri o que eu sou sozinha: aprendi a andar na rua, a ganhar dinheiro. Ouvi musica ruim, musica boa. Fiz amigos. Descobri todos os meus limites. Me ferrei tanto que sou outra pessoa. A mesma eu, muito mais sábia. E você, acima de tudo, não pode me tirar isso. Não pode cobrar que eu retroceda, que eu volte a ser a boneca pré-fabricada de mim mesma. Sou paradoxa e inconstante e sou feliz assim. 

Vai soar desculpa, vai te deixar com raiva, mas eu estou apaixonada por outra pessoa: por mim. E não tem espaço pra outro amor que não seja esse. Você tem que entender que quando eu disse que desisti, eu desisti mesmo. Não por uma hora, não por um ano, mas desisti de tentar me recolher toda vez que você me quebrasse, então eu simplesmente escolhi o caminho mais fácil: não deixar que você me quebre mais. "O caminho mais fácil nem sempre é melhor que o da dor".  Tenha isso em mente. Foram muitas noites perdidas e tristes pr'eu chegar à essa conclusão. Eu segui com a minha vida porque eu cansei dessa estagnação. Eu só saí em déficit. Agora eu cresci. 

Desculpa. 

sexta-feira, novembro 18, 2011

Eta decepção maravilhosa

Essa que vos escreve anda vendo as maravilhas do mundo. Alguma relação com essa época do ano - onde tudo é bonito e brilha - sob influencia dos pisca-piscas (em um plural meio defasado, assumo). O fato é que entre meus pretos e brancos existem tons de cinza que me deixam maravilhada. Dois lados de uma moeda. Metáforas que não acabam mais.

Assumo que levei muito na cara esse ano. Devo ter ganhado o prêmio de quem mais se ferrou (em um eufemismo claro) de 2011: parabéns à todos os envolvidos. Me decepcionei e surpreendi comigo todos os dias, me reinventei, pra depois me buscar. E, apesar de soar masoquista, gosto da sensação da decepção. Corrosiva, destrutiva e - finalmente - libertadora.

Não importa quantas vezes você se perdoe - ou perdoe alguém - você sempre vai se desapontar. Não sei quem inventou essa lei - se Darwin, Murphy, Shakespeare ou qualquer filósofo e/ou pensador: pessoa, você fez isso certo. Universo conspira e conspira mesmo. Não há escapatória.

Então decidi que me libertar de desilusões é tão batido quanto conversa de avó sobre aceitar balas de estranhos. Eu não gosto muito de lidar com a mesma coisa milhares de vezes. Impotência define. E, pessoalmente, impotência é uma merda. Decepção não mata: ensina a lidar. E aprender com os erros. E rezar pra não acontecer novamente. E sorrir e seguir em frente.

Ando precisando aprender mais com os meus erros. Me vê uma dose de decepção com três cubos de gelo, por favor?

domingo, novembro 13, 2011

Estaca

Me incruzei em você.
Brinquei de poder
Criei neologismos sem saber
Me desfiz tão facilmente

Te cozinhei em fogo brando
Te dei três xaropes pra gripe
Chorei sorrisos sem fim
Criei poesia ruim. 

Me perdi em você
Me achei em mim 
Me quis, não me quis
Não fui profunda o suficiente

Me incruzei em você.

(Jessica Aguiar)

sexta-feira, novembro 11, 2011

12:21

Nesse momento sua cabeça girava. O choro, o grito, o lamento, presos na garganta - O sorriso estampado na face, ou a face estampada em um sorriso? Já passava do meio-dia agora. Será que ninguém percebia os olhos perdidos, o corpo cansado? Passara tão desapercebida assim? Ninguém realmente se importa?

A noite longa, uma, duas, três doses. Amarga, doce, sem gosto, descendo queimando sua garganta, boca, faringe, esófago, e a certeza de que em algum momento ela se desviara para seu coração.

Quente, pastosa, dolorosa, e incrivelmente calmante. Entorpecente. Acompanhada de cigarros, de coisas que faziam sorrir. Sorrisos pré-fabricados, quando os genuínos já nem existem. Pois é. Uma pausa, outra pausa. Outra dose. Mais uma tristeza.

Até quando vai doer?

quarta-feira, novembro 09, 2011

Maquinário

Eis que me revolucionei também. Construí toda uma parafernália que me leva além, quem sabe até fique rica. Antes de tudo fundei uma ONG (nessa vibe quem sabe até o governo me contrate): Eu odeio o amor. Porque eu odeio mesmo. Amor é uma droga, no sentido literal: vicia, machuca, é bonito, faz implorar por mais. Na minha ONG a gente te ajuda com isso (ou muda teu ponto de vista sobre isso). Gostar de sentir dor deve ser redirecionado. Invés de amor: boxe. Invés de amor: uma picada de escorpião. Isso que é dor de verdade.
E depois vem aquela máquina, aquela que faz com o teu coração faça o papel dele: bombear sangue no corpo. Sem parar por um instante (ou acelerar loucamente) ao ver você. Sem doer. Sem amar. Só bombear sangue. Tu -tu, Tu-tu. Direcionando emoções. Sem frustrações, sem estresse. Sem-amar.
Pena que se desligar seja impossível. Impossível, não de um jeito desafiante. Impossível de um jeito "vou continuar sofrendo".

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

A partir desta data
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela-- silêncio perpétuo

Extinto por lei todo remorso,
maldito seja que olhar pra trás,
lá pra trás não há nada, 
e nada mais

Mais problemas não se resolvem,
problemas tem família grande,
e aos domingo saem todos para passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas

(Paulo Leminski)

P.S rápido e inusual: Texto tirado de uma boa divagação com minha Mariana (Moro). Amigas como você provam que nem tudo está perdido (risos). 

segunda-feira, novembro 07, 2011

17.777 (e eu desisti)

"Agradabilíssimo" - foi tudo o que eu consegui pensar naquele momento. No quão agradável (e nesse momento eu estou no ápice de minha ironia) era aquela visão. No quanto eu recomendava aquilo como terapia de choque.  Pra ver se eu (você) me dava conta de que "amar" não é uma grandeza diretamente proporcional a "ter". Você consegue me entender? Elas não são nem grandezas relacionadas. São apenas pó. Você não tem, logo ama, você não ama, logo tem. 

Lembra da época em que eu fazia sentido? Meus risos tinham motivo. 

"Nada pode ser tão dolorosamente bonito" - Foi outro pensamento que inundou minha cabeça. Você saber que perdeu uma guerra cujas batalhas estavam ganhas. Imagine nadar e morrer na praia? Agora imagina o alivio de ter que parar de nadar? Pelo lado de que você tá cansado de dar mil e uma vezes com a cabeça na parede, de bater na mesma tecla 'aaaaaaaaaaaaa(...)aaaaa' você consegue ver que tanto esforço valeu de nada? Olha, como é bom desistir. 

Vai aqui meu aviso: obrigada por não querer mais. Eu desisti de você. 

quarta-feira, outubro 19, 2011

Divórcio


Acordei decidida a fazer as pazes comigo. Merecia me apegar à coisa mais importante na minha vida - eu mesma. No espelho, uma menina de cabelos insuportavelmente médios (enormes, se você cortou faz quinze dias) sorriu pra mim, no auge dos seus olhos inchados, cansados e atrasados. 

"Vamos mudar de ânimo", ela me disse. "O dia está frio, do jeito que você gosta"

Um paralelo com temperatura ambiente, você sabe? Média com o seu coração. Essa depreciação não pode ser normal, não tem nada a ver com o que você quer pra você. Meu espelho queria estar certo. E quando foi que esses discursos motivacionistas me comoveram? Uns tapas na cara surtem mais efeito de impacto sobre mim. Justo eu que já estava abalada (puf)... 

Então a lógica dessa loucura (tem lógica na loucura?) é que se você quer fazer as pazes, você se importa, você quer se sentir bem com o que você tem. Fez sentido? Claro que não! Eu converso com meu espelho todos os dias, logicamente não estou aqui para fazer sentido. Não estou aqui sequer pra ser lida. 

"Sweetheart, você quer fazer as pazes comigo? Não temos o dia todo, estamos atrasadas, vamos pegar trânsito e uma porção de gente precisa de você". Eu quero fazer as pazes comigo? 

Então cá vai minha alforria de mim mesma. Estou me divorciando dessa nova velha Jessica que chora por tudo e por nada. Que confunde nada com tudo. Nada é nada. Tudo é tudo. Essa daí não é você, que não faz as unhas, que sorri falsamente, que atura quem não gosta. Ninguém te modificou assim, se quem te rasgou criou um monstro, empurra ele pra debaixo da cama: ela tem gavetas, ele vai ficar encolhidinho. Você não ouve Coldplay, você não tenta se consertar, você não precisa desses vícios sujos. Você é essa das emoções embaralhadas, definitivamente mais magra. 

Estou me divorciando de mim mesma. E voltando pra mim. Pro eterno paradoxo que sou eu. 
Não tenta me arrumar. 
Eu já nasci embaralhada.

terça-feira, outubro 18, 2011

Cinza de Vulcão

Por que é que cargas D'água VOCÊ APARECE?

É o que eu pergunto antes de dormir, depois de acordar, é o que eu penso o dia todo. Por que você tem que aparecer? E estragar tudo. E parar minha saga pela metade. E mostrar sua felicidade. E me deixar infeliz. Por que você insiste em me querer, se logo você não vai me querer mais? Essa merda de trazer companhia sem afastar solidão, essa merda de me amar até a próxima. Entre um e outro e outro, esse mashup de nada que é bom, de sentimentos corrosivos, como ferrugem, como rato, como ácido, como você. É amor, não é amor? Essa era a minha musica! Era o meu sonho, você sabe algo sobre os meus sonhos? Sobre mim?

Só. me. lembra. porque. te. odeio. Só isso. Porque você é cinza de vulcão, atrapalha o ar, a visão, impede que eu viaje, impede que eu pouse, entra nas minhas turbinas, me asfixia e me quebra por dentro. Parabéns. Você conseguiu de novo. 

quinta-feira, setembro 29, 2011

Tudo está bem

weheartit.com

Que bacana você perguntar porque eu sumi. A verdade que eu estava no inicio da minha saga por isso, por aquilo e por acolá, se é que você me entende. Não, você não entende... não tem como entender.

Só de inicio, me (você) rasgaram de novo, então eu me convenci de que sou mais papel do que pensava. Mais forte do que eu pensava - mais adulta. Aquelas lágrimas que estiveram entocadas puderam cair, e qual  foi minha surpresa quando descobri que não era um estoque tão extenso assim. Veio e passou e você virou tatuagem de hena. Obrigada por não ser permanente.

No fim, só sobrou eu, minha imaginação fértil, minha musica (melhor que a sua, mas nem tão boa assim) e aquela ínfima certeza de nada é permanente. Nada é permanenteNada é permanente! Oh, meu Deus, nada é permanente.

E nessa brincadeira de me rasgar, me colar, me reciclar, passei liquid paper em toda essa dor. Ficou meio cagado, algumas partes em alto relevo, e algumas palavras nem desapareceram por completo, mas no fim, ficou limpo.  Eu realmente devia abrir uma papelaria de dor (preços especiais por metáforas em papel). Amanhã é realmente outro dia, o sol já está se pondo mais tarde, você tem menos (ou mais) preocupações e as trivialidades se tornaram tão... triviais!

Minha felicidade não é palpável, e está longe de ser. Vou lá eu saber se ela vai ser algum dia? Mas até lá sigo na saga sem fim em busca à minha felicidade. Vinicius (ou Tom) disseram que tristeza não tem fim. Se a felicidade é findável, lá vou eu atrás dela.

Descobri que esse sorriso até que me cai bem.

sexta-feira, julho 22, 2011

Papel

Eu estava rasgada. Meu peito decidiu por conta própria virar papel - então você era o fragmentador. Fragmenta-dor? Quem dera fosse o caso. Você apenas fez questão de picar em pedaços desiguais qualquer coisa que estivesse no meu peito. Eu queria que você me amasse, eu queria que você voltasse, eu só queria um cigarro e uma dose maior de Whisky. Eu já não me preocupava com a ulcera, a cólera já tinha feito esse papel. Eu só queria que você não fizesse em pedaços qualquer coisa que estivesse no meu peito - no meu abdômen - eu só queria que você curasse, que você fragmentasse a minha dor, não fragmentasse meu peito, com teu sorriso de lado, com teu humor ácido. Acho que já entendi tudo. Eu queria ser feita de papel, papel não sente dor, papel pode ser reciclado, minha dor pode ser reciclada? Reciclada pra virar dor nova, reciclada pra virar peito novo. Peito virgem, peito sem dor. Não dá pra reciclar isso também.
Eu estava rasgada. Eu só queria que você me amasse, eu só queria que você voltasse, eu só queria um cigarro e uma dose maior de Whisky. 

Estou com saudades. 

terça-feira, junho 07, 2011

Ela e eu.

Ela é linda. Peitos, cabelos, sobrancelhas, corpo - tudo. Eu sou eu. Ela tem um quê de sorriso fácil e meu ódio declarado à hipocrisia faz com que eu admita a infinidade de qualidades nela. Ela tem toda uma ginga, um jeito de olhar e dizer que pode ter quem quiser, mas ela quer você. E você diz que me ama. Eu sou apenas eu. E mesmo que você diga que eu sou linda, minha melhor amiga diga que eu sou linda, eu ainda sou apenas eu. A arrogante, pretensiosa e atrapalhada Jess. Só eu. Ela foi o amor da sua vida. E eu sou só eu...

terça-feira, maio 31, 2011

Chico


Olhos dispersos, sorrisos cansados - nem sempre a sensação de dever cumprido. Um olha, outro olha, eles vão chegando. Cansados, pés doendo, quem sabe quanto tempo ficaram em pé? A escada rolante só serve pra atenuar o fardo de descer escadas, subir escadas no meio de tanto cansaço. Eles te fazem pensar, traçar um perfil psicológico pra cada um: isso te afasta de todas as preocupações: provas, trabalho, até quando vai durar o seu emprego. Um a um eles vão chegando. Uma mulher, que manca ligeiramente para a esquerda, num mensagem desesperada de que seu pé precisa descansar do salto alto. Os cabelos já não estão tão arrumados, mas o batom ainda está lá intacto. Será que tem família? Vai voltar para alguém?

O gigante de ferro para. O vermelho anuncia que não é o que você estava esperando. Seus amigos estão em mais uma conversa superficial - ou não - sobre musica boa. Você não pode achar o Chico ruim! Mas ele acha - aí é que você percebe que não dá pra escolher os amigos - não quando a empatia é certa. Pelo menos você vai usar isso contra ele durante o resto da amizade: "Você não gosta do Chico. Não fale comigo" - Roda moinho, roda pião, o tempo rodou num instante...

Ele chega - você se despede com um sorriso, um grito pro playboy do flamengo - dá dinheiro, não dá intimidade. As estações vão passando, as trivialidades sendo jogadas, chegou a central - um lugar! Você ainda pensa em ceder seu lugar àquela mulher, com cara de mãe, mancada para a esquerda batom intacto. Seu egoísmo é maior. É o jeito que é só seu, no final de contas.

Ela já te enlouquecendo, o grupo que você não gosta entrou em São Cristovão, as estações passando, Del Castilho logo estava ali. Pessoas com fones de ouvidos, abafando seus pensamentos, abafando os pensamentos dos outros, que em algum momento se tornam tão altos - ou será que eu virei telepata?

Entre os muros cinzentos passam estradas, shoppings, as luzes das favelas como estrelas cadentes: faça um pedido. Ir para a zona sul, na próxima vez? Passam as últimas estações, lá está você. Então chega o Engenheiro - você está no lugar certo. Seu último pensamento: "Como ele  pode não gostar  do Chico?"

A Marieta manda um beijo para os seus,
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças,
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal,
Adeus!  

segunda-feira, maio 30, 2011

Neurose

Você sorriu pra mim, eu sorri pra você, então estávamos bem. Bem, eu disse, mas a gente tem essa maldita mania se superestimar a felicidade. Eu não posso dizer se é um estado transitório, eu só posso falar por essa euforia chata que eu sinto no estômago. É alguma mistura estranha de todos os bichos que voam - e é exatamente assim que eu me sinto. Eu não te amo, eu não te amo, eu não te amo. Eu passei a repetir isso e no fim eu me convenci. Afinal o que é o amor? Afinal o que são as rosas? Que besteira, o poeta me disse que as rosas não falam. Não era amor e pronto. Amor é outra coisa - que se fosse boa não doía. E acredite em mim: dói.

Eu acabei descobrindo que você é meu desafio, minha vontade de provar que, damn, eu estava certa mais uma vez. Nesse caso eu gostei de estar certa, das outras vezes eu só quebrei a cara. E agora você me quer, e quer, e faz questão de me dizer em todas as oportunidades. "Eu quero você". A minha lição é não me subestimar no final das contas, porque querer é bem longe de amar. Em algum momento eu achei que as águias de rapina, borboletas e pterodáctilos no meu estômago estavam querendo me passar um recado - no fim era só mal estar, dor de barriga.

E eu nessa coisa sem fim de querer te decifrar, me decifrar e pensar em você o tempo todo - ou entre os primeiros vinte e quatro minutos de cada hora - só pra criar aquela alusão ilusão de que você está fazendo aquilo também, e e veja: você está. 
Eu não estou mais.
Não era amor...
Era neurose

sexta-feira, abril 15, 2011

Midas

Muito suave, suave é, suave será. E é assim que eu me vejo. Porque eu te vejo todos os dias e então todos os dias você muda minha opinião sobre você. Às vezes eu juro, sem hipocrisia, que queria você na minha vida pra sempre, mas aí você me lembra o porquê disso tudo. A palavra que reina o mundo é concorrência. Aí eu tento me convencer de que você é assim - eu devo gostar de você apesar disso - mas você continua e continua: sou melhor do que você. Eu não ligo que você seja melhor do que eu, quando muita gente o é e eu estou convencida de que sou o melhor que posso ser - no momento, pelo menos. Eu não sou um projeto e talvez por isso eu tenha adquirido esse dom irritante de transformar em ouro tudo o que eu toco - ele virou ouro, outro virou ouro, você virou ouro e no final todos são ouro. Que confusão!

E eu posso ditar seu peso na nossa tabela periódica e sua massa atômica, mas eu deveria ter contado que para moldar ouro é bem necessário a ajuda da dilatação - linear, térmica ou superficial? mas você sabe bem, amor, eu nunca fui muito boa com física, de qualquer maneira. Nem química. Às vezes números, às vezes palavras. Ou não? Você não me conhece tão bem.

Nosso relacionamento virou ouro - e eu digo, mas meu amor, não faz assim - mas meu amor? Você não é mais meu amor. Nosso relacionamento virou esse metal de transição - troca, troca, troca - que só é valioso pra quem vê, mas pra quem obtém... nem tudo que reluz é ouro e, assim como seus cabelos, você deixou de reluzir pra mim.

quarta-feira, março 30, 2011

E parou de chover...

Para! Para de montar um conto de fadas na sua cabeça. Para de viver nas nuvens como se toda essa fantasia fosse real. Essa fantasia não é real.

A crua realidade é que você está sozinha, sem ninguém. Seus amigos só estão lá por mera conveniência, sua família só lembra de você no seu aniversário. Suas asas caíram para darem lugar à um par de pernas e só elas vão te guiar pra qualquer lugar, pra perto, pra longe, pra verdade. 

A vida não é lógica. Todos  que você ama, um dia vão se virar contra você e não há nada que você possa fazer. Todos um dia vão te decepcionar e cabe a ti, perdoá-los ou arrumar outros para te decepcionarem.

Então apenas siga em frente. Siga em frente e tente ser feliz. Siga em frente porque parou de chover...

domingo, fevereiro 27, 2011

Não sei lidar com a morte

A pessoa tá lá chorando, se desintegrando, debulhando-se em lágrimas e você nada. Ela fala sobre os momentos finais junto daquela pessoa, o quanto ela estava mal, o quanto aquilo a fere por dentro, ainda sim você nada. Você tenta sentir o mesmo, passar a dor para você, dar conselhos que confortem um pouco o próximo, mas nada do que você faz adianta. Você tenta prestar atenção, tenta ser companheiro, mas você não entende o sofrimento dela. Você não entende qual foi a partida inicial para aquele sentimento. Ela sente dor, ela se sente no inferno, ela quer ir junto com quem partiu. Você continua com um grande nada.

Um grande nada. 

Saber lidar com a morte deve ser  um dom, ou algo mais específico. Se sentir sensibilizado é uma coisa, saber lidar com tudo com o que a morte implica é algo mais além. Todas as reflexões sobre o quanto a vida é curta, sobre aproveitá-la ao máximo, sobre perder alguém, sobre o que acontece depois, sobre o que faremos agora. Ela se foi, como fica a vida? Vai mudar tanto assim? E a sua ficha, ela finalmente caiu? Você nunca mais vai vê-la. Ela está em outro plano, outra dimensão. Tá na terra, tá no ar, virou perfume, virou estrela. Ela só não vai estar mais com você. Nunca mais.

Eu definitivamente não sei lidar com a morte.

José Correia de Aguiar, 1917 - 2011.  Rest in Peace. ♥

domingo, fevereiro 20, 2011

Sobre Castelos.

Engraçado como você costumava ser minha lufada de ar. Como costumava ser o que eu precisava, do jeito que eu precisava. Você era meu último suspiro, minha única certeza. A certeza de que tudo ficaria bem, de que eu ficaria bem. Esse foi o meu erro: exigir de você mais do que você podia suportar. Mais do que nós poderíamos. Eu pedi para você conviver com seus problemas e com os meus problemas e em algum momento nosso castelo desabou.  Do que era feito esse castelo, meu amor? De pedras? De areia? Ou será que ele era um castelo feito de cartas? Como era feito o nosso castelo? Ele terminou de ser construído? Será que ele foi interrompido?

O grande problema, meu amor, é que nunca saberemos as respostas. Eu errei, você errou e nossos erros, nossa sucessão de erros se transformou numa avalanche tão gigantesca que não pode ser contida. Meus erros não justificam os seus, assim como os seus não justificam os meus. Tudo o que eu posso dizer é batemos nossa cota de erros pelo outro e devemos esperar não errar tanto assim com próximo.
Você me deu tudo o que podia e eu digo o mesmo sobre mim.
E o que nos resta é nos resgatar na próxima.

No mais, muito obrigada.