sexta-feira, julho 22, 2011

Papel

Eu estava rasgada. Meu peito decidiu por conta própria virar papel - então você era o fragmentador. Fragmenta-dor? Quem dera fosse o caso. Você apenas fez questão de picar em pedaços desiguais qualquer coisa que estivesse no meu peito. Eu queria que você me amasse, eu queria que você voltasse, eu só queria um cigarro e uma dose maior de Whisky. Eu já não me preocupava com a ulcera, a cólera já tinha feito esse papel. Eu só queria que você não fizesse em pedaços qualquer coisa que estivesse no meu peito - no meu abdômen - eu só queria que você curasse, que você fragmentasse a minha dor, não fragmentasse meu peito, com teu sorriso de lado, com teu humor ácido. Acho que já entendi tudo. Eu queria ser feita de papel, papel não sente dor, papel pode ser reciclado, minha dor pode ser reciclada? Reciclada pra virar dor nova, reciclada pra virar peito novo. Peito virgem, peito sem dor. Não dá pra reciclar isso também.
Eu estava rasgada. Eu só queria que você me amasse, eu só queria que você voltasse, eu só queria um cigarro e uma dose maior de Whisky. 

Estou com saudades.