quarta-feira, novembro 09, 2011

Maquinário

Eis que me revolucionei também. Construí toda uma parafernália que me leva além, quem sabe até fique rica. Antes de tudo fundei uma ONG (nessa vibe quem sabe até o governo me contrate): Eu odeio o amor. Porque eu odeio mesmo. Amor é uma droga, no sentido literal: vicia, machuca, é bonito, faz implorar por mais. Na minha ONG a gente te ajuda com isso (ou muda teu ponto de vista sobre isso). Gostar de sentir dor deve ser redirecionado. Invés de amor: boxe. Invés de amor: uma picada de escorpião. Isso que é dor de verdade.
E depois vem aquela máquina, aquela que faz com o teu coração faça o papel dele: bombear sangue no corpo. Sem parar por um instante (ou acelerar loucamente) ao ver você. Sem doer. Sem amar. Só bombear sangue. Tu -tu, Tu-tu. Direcionando emoções. Sem frustrações, sem estresse. Sem-amar.
Pena que se desligar seja impossível. Impossível, não de um jeito desafiante. Impossível de um jeito "vou continuar sofrendo".

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

A partir desta data
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela-- silêncio perpétuo

Extinto por lei todo remorso,
maldito seja que olhar pra trás,
lá pra trás não há nada, 
e nada mais

Mais problemas não se resolvem,
problemas tem família grande,
e aos domingo saem todos para passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas

(Paulo Leminski)

P.S rápido e inusual: Texto tirado de uma boa divagação com minha Mariana (Moro). Amigas como você provam que nem tudo está perdido (risos).