sexta-feira, abril 15, 2011

Midas

Muito suave, suave é, suave será. E é assim que eu me vejo. Porque eu te vejo todos os dias e então todos os dias você muda minha opinião sobre você. Às vezes eu juro, sem hipocrisia, que queria você na minha vida pra sempre, mas aí você me lembra o porquê disso tudo. A palavra que reina o mundo é concorrência. Aí eu tento me convencer de que você é assim - eu devo gostar de você apesar disso - mas você continua e continua: sou melhor do que você. Eu não ligo que você seja melhor do que eu, quando muita gente o é e eu estou convencida de que sou o melhor que posso ser - no momento, pelo menos. Eu não sou um projeto e talvez por isso eu tenha adquirido esse dom irritante de transformar em ouro tudo o que eu toco - ele virou ouro, outro virou ouro, você virou ouro e no final todos são ouro. Que confusão!

E eu posso ditar seu peso na nossa tabela periódica e sua massa atômica, mas eu deveria ter contado que para moldar ouro é bem necessário a ajuda da dilatação - linear, térmica ou superficial? mas você sabe bem, amor, eu nunca fui muito boa com física, de qualquer maneira. Nem química. Às vezes números, às vezes palavras. Ou não? Você não me conhece tão bem.

Nosso relacionamento virou ouro - e eu digo, mas meu amor, não faz assim - mas meu amor? Você não é mais meu amor. Nosso relacionamento virou esse metal de transição - troca, troca, troca - que só é valioso pra quem vê, mas pra quem obtém... nem tudo que reluz é ouro e, assim como seus cabelos, você deixou de reluzir pra mim.