terça-feira, novembro 22, 2011

Ser adulta

"Para bem entender, meia palavra não é de bosta nenhuma"
(Paulo Leminski)

Ir, ficar, rodar, parar. Minha mente vagava entre indas e vindas de onde nada fazia tanto sentido. Essa irrealidade que me fazia estagnar. 

"É... então... não sei" - Porque eu não sabia mesmo. E modéstia à parte, sou uma mulher de muitas palavras. Muitas letras. Até demais. Gosto do jeito que elas não me fogem nunca, como são excessivas, ostensivas, como são minhas, só minhas. E naquele momento eu estava sem palavras. 

Este, em específico, é para você. Os outros não eram, e sinto se você pensou isso. Esse é para você, que vai reconhecer nas minhas letras uma história contada. E minhas desculpas austeras para quem não consegue entender meia palavra do que eu digo. Ainda estou tentando entender a cronologia disso tudo. 

Antes de tudo: sou agridoce. Sem explicações necessárias, mas o difícil é conhecer a parte doce. Não são todos que tem o paladar apurado e não é sempre que você consegue alcançar. Às vezes me mantenho azeda, outras amarga. Mas em minhas regras sou inflexível: uma vez perdida a parte doce, nunca mais retomada. Então lida com o amargo. Ou então deixa pra lá. 

Passei o ano superestimando essa tristeza sem fim. Foi um ano bom. Descobri o que eu sou sozinha: aprendi a andar na rua, a ganhar dinheiro. Ouvi musica ruim, musica boa. Fiz amigos. Descobri todos os meus limites. Me ferrei tanto que sou outra pessoa. A mesma eu, muito mais sábia. E você, acima de tudo, não pode me tirar isso. Não pode cobrar que eu retroceda, que eu volte a ser a boneca pré-fabricada de mim mesma. Sou paradoxa e inconstante e sou feliz assim. 

Vai soar desculpa, vai te deixar com raiva, mas eu estou apaixonada por outra pessoa: por mim. E não tem espaço pra outro amor que não seja esse. Você tem que entender que quando eu disse que desisti, eu desisti mesmo. Não por uma hora, não por um ano, mas desisti de tentar me recolher toda vez que você me quebrasse, então eu simplesmente escolhi o caminho mais fácil: não deixar que você me quebre mais. "O caminho mais fácil nem sempre é melhor que o da dor".  Tenha isso em mente. Foram muitas noites perdidas e tristes pr'eu chegar à essa conclusão. Eu segui com a minha vida porque eu cansei dessa estagnação. Eu só saí em déficit. Agora eu cresci. 

Desculpa. 

sexta-feira, novembro 18, 2011

Eta decepção maravilhosa

Essa que vos escreve anda vendo as maravilhas do mundo. Alguma relação com essa época do ano - onde tudo é bonito e brilha - sob influencia dos pisca-piscas (em um plural meio defasado, assumo). O fato é que entre meus pretos e brancos existem tons de cinza que me deixam maravilhada. Dois lados de uma moeda. Metáforas que não acabam mais.

Assumo que levei muito na cara esse ano. Devo ter ganhado o prêmio de quem mais se ferrou (em um eufemismo claro) de 2011: parabéns à todos os envolvidos. Me decepcionei e surpreendi comigo todos os dias, me reinventei, pra depois me buscar. E, apesar de soar masoquista, gosto da sensação da decepção. Corrosiva, destrutiva e - finalmente - libertadora.

Não importa quantas vezes você se perdoe - ou perdoe alguém - você sempre vai se desapontar. Não sei quem inventou essa lei - se Darwin, Murphy, Shakespeare ou qualquer filósofo e/ou pensador: pessoa, você fez isso certo. Universo conspira e conspira mesmo. Não há escapatória.

Então decidi que me libertar de desilusões é tão batido quanto conversa de avó sobre aceitar balas de estranhos. Eu não gosto muito de lidar com a mesma coisa milhares de vezes. Impotência define. E, pessoalmente, impotência é uma merda. Decepção não mata: ensina a lidar. E aprender com os erros. E rezar pra não acontecer novamente. E sorrir e seguir em frente.

Ando precisando aprender mais com os meus erros. Me vê uma dose de decepção com três cubos de gelo, por favor?

domingo, novembro 13, 2011

Estaca

Me incruzei em você.
Brinquei de poder
Criei neologismos sem saber
Me desfiz tão facilmente

Te cozinhei em fogo brando
Te dei três xaropes pra gripe
Chorei sorrisos sem fim
Criei poesia ruim. 

Me perdi em você
Me achei em mim 
Me quis, não me quis
Não fui profunda o suficiente

Me incruzei em você.

(Jessica Aguiar)

sexta-feira, novembro 11, 2011

12:21

Nesse momento sua cabeça girava. O choro, o grito, o lamento, presos na garganta - O sorriso estampado na face, ou a face estampada em um sorriso? Já passava do meio-dia agora. Será que ninguém percebia os olhos perdidos, o corpo cansado? Passara tão desapercebida assim? Ninguém realmente se importa?

A noite longa, uma, duas, três doses. Amarga, doce, sem gosto, descendo queimando sua garganta, boca, faringe, esófago, e a certeza de que em algum momento ela se desviara para seu coração.

Quente, pastosa, dolorosa, e incrivelmente calmante. Entorpecente. Acompanhada de cigarros, de coisas que faziam sorrir. Sorrisos pré-fabricados, quando os genuínos já nem existem. Pois é. Uma pausa, outra pausa. Outra dose. Mais uma tristeza.

Até quando vai doer?

quarta-feira, novembro 09, 2011

Maquinário

Eis que me revolucionei também. Construí toda uma parafernália que me leva além, quem sabe até fique rica. Antes de tudo fundei uma ONG (nessa vibe quem sabe até o governo me contrate): Eu odeio o amor. Porque eu odeio mesmo. Amor é uma droga, no sentido literal: vicia, machuca, é bonito, faz implorar por mais. Na minha ONG a gente te ajuda com isso (ou muda teu ponto de vista sobre isso). Gostar de sentir dor deve ser redirecionado. Invés de amor: boxe. Invés de amor: uma picada de escorpião. Isso que é dor de verdade.
E depois vem aquela máquina, aquela que faz com o teu coração faça o papel dele: bombear sangue no corpo. Sem parar por um instante (ou acelerar loucamente) ao ver você. Sem doer. Sem amar. Só bombear sangue. Tu -tu, Tu-tu. Direcionando emoções. Sem frustrações, sem estresse. Sem-amar.
Pena que se desligar seja impossível. Impossível, não de um jeito desafiante. Impossível de um jeito "vou continuar sofrendo".

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

A partir desta data
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela-- silêncio perpétuo

Extinto por lei todo remorso,
maldito seja que olhar pra trás,
lá pra trás não há nada, 
e nada mais

Mais problemas não se resolvem,
problemas tem família grande,
e aos domingo saem todos para passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas

(Paulo Leminski)

P.S rápido e inusual: Texto tirado de uma boa divagação com minha Mariana (Moro). Amigas como você provam que nem tudo está perdido (risos). 

segunda-feira, novembro 07, 2011

17.777 (e eu desisti)

"Agradabilíssimo" - foi tudo o que eu consegui pensar naquele momento. No quão agradável (e nesse momento eu estou no ápice de minha ironia) era aquela visão. No quanto eu recomendava aquilo como terapia de choque.  Pra ver se eu (você) me dava conta de que "amar" não é uma grandeza diretamente proporcional a "ter". Você consegue me entender? Elas não são nem grandezas relacionadas. São apenas pó. Você não tem, logo ama, você não ama, logo tem. 

Lembra da época em que eu fazia sentido? Meus risos tinham motivo. 

"Nada pode ser tão dolorosamente bonito" - Foi outro pensamento que inundou minha cabeça. Você saber que perdeu uma guerra cujas batalhas estavam ganhas. Imagine nadar e morrer na praia? Agora imagina o alivio de ter que parar de nadar? Pelo lado de que você tá cansado de dar mil e uma vezes com a cabeça na parede, de bater na mesma tecla 'aaaaaaaaaaaaa(...)aaaaa' você consegue ver que tanto esforço valeu de nada? Olha, como é bom desistir. 

Vai aqui meu aviso: obrigada por não querer mais. Eu desisti de você.